domingo, 23 de novembro de 2008

Mídia Impressa no Meio Digital


Texto produzido no curso Mídias na Educação


A cultura digital amplia as possibilidades de alfabetização tendo em vista as diveresas linguagens disponibilizadas para facilitar a leitura (ícones, texto, áudio e vídeo). Além disso, possibilita uma aprendizagem mais autônoma, oferecendo uma rede de links que vão atender as necessidades de cada leitor. Entretanto, a alfabetização não significa apenas decodificar símbolos e signos, é preciso formar leitores que saibam organizar o pensamento, selecionar as informações relevantes, interpretar, analisar e formar uma opinião criticamente.

Considerando que o hipertexto traz uma subversão ao texto linear, uma vez que “cada percurso textual é tecido de maneira original e única pelo leitor cibernético”, faz-se cada vez mais necessário que o professor discuta os textos com os alunos, reflita e analise as informações, caso contrário, teremos estudantes com acesso a muitas informações, porém sem significados para a sua inserção e atuação na sociedade.

O Papel do professor enquanto mediador desse processo de formação de leitores na mídia eletrônica é muito importante, pois apesar de a linguagem hipertextual apresentar as vantagens de uma aprendizagem mais flexível, ampliando cada vez mais a rede de conhecimentos dos estudantes leitores, ainda se faz necessária operações mentais que possibilitem uma organização ou esquema conceitual do conhecimento em construção, caso contrário, o estudante se perde nesse “teia” de informações, muitas vezes sem significado para ele.

A linguagem de hipertexto explorada atualmente na Internet, através de links eletrônicos, tem sua origem no próprio material impresso, no qual o leitor pode folhear as páginas de forma não-linear, indo e vindo da introdução para o final do livro ou para um determinado capítulo, sem a necessidade de ler todo o conteúdo numa seqüência rígida. Entretanto, essa flexibilidade de acesso às informações é muito maior no hipertexto da mídia eletrônica. Esse é o grande diferencial da Internet, visto que a mesma pode armazenar um leque muito grande de informações e disponibilizá-las de forma mais rápida e acessível para um grande número de pessoas, em qualquer localidade do mundo.

Outro grande diferencial da mídia digital é possibilitar ao “leitor cibernético” inserir textos, comentários, críticas, sugestões, em textos de outros autores, fato esse não permitido em textos da mídia impressa. Isto não quer dizer que os novos meios eletrônicos tornarão os livros obsoletos, até porque, sentimo-nos mais confortáveis quando fazemos a leitura de um material digital na forma impressa. É mais cansativo fazer a leitura na tela do computador. Além disso, a Internet apresenta muitas informações com fins comercias, e por isso mesmo, procura desviar muito a atenção do leitor para um outro assunto diferente do que buscava inicialmente. É preciso estar muito focado no conteúdo para não se perder na navegação dos diversos sites e páginas da Internet. Um outro ponto negativo da Internet é que muitas publicações veiculadas nesse meio são inverídicas, carecendo de uma revisão e comprovação científica, ao passo que o material escrito, por ser produzido em menor escala, passa por uma seleção mais criteriosa.

Diante das limitações e das possibilidades tanto da mídia impressa como da mídia digital, pode-se afirmar que a literatura impressa sempre terá seu espaço e não será substituída pela Internet. Haverá, sim, uma maior integração, complementação e ampliação das possibilidades de construção e comunicação do conhecimento.




Pofª Acácia, em 25/07/08

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Lenda da Torre Hanói

Segundo um mito indiano, o centro do mundo está sob a cúpula do templo de Benares. Nele há uma placa de latão onde estão fixadas três agulhas de diamante. Ao criar o mundo, Brama colocou, em uma dessas agulhas, sessenta e quatro discos de ouro puro de tamanhos diferentes, estando o maior junto à placa e o menor no topo. É a Torre de Brama. Seguindo as imutáveis Leis de Brama, os sacerdotes do templo mudam os discos de uma agulha para outra, dia e noite, sem cessar, e cada sacerdote move apenas um disco por vez, sem nunca colocar um disco sobre outro menor. Quando os sessenta e quatro discos tiverem sido transferidos de uma agulha para outra, a Torre, o templo e os sacerdotes serão transformados em pó, e o mundo desaparecerá com um trovão.

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Torre de Hanói


Quantos movimentos serão necessários para transportar as sete peças de um pino para o outro?
Regras:
1. Passar uma peça de cada vez;
2. Não colocar uma peça maior sobre a menor.

sábado, 8 de novembro de 2008

Poesia Matemática

Millôr Fernandes


Às folhas tantas
do livro matemático
um Quociente apaixonou-se
um dia
doidamente
por uma Incógnita.
Olhou-a com seu olhar inumerável
e viu-a do ápice à base
uma figura ímpar;
olhos rombóides, boca trapezóide,
corpo retangular, seios esferóides.
Fez de sua uma vida
paralela à dela
até que se encontraram
no infinito.
"Quem és tu?", indagou ele
em ânsia radical.
"Sou a soma do quadrado dos catetos.
Mas pode me chamar de Hipotenusa."
E de falarem descobriram que eram
(o que em aritmética corresponde
a almas irmãs)
primos entre si.
E assim se amaram
ao quadrado da velocidade da luz
numa sexta potenciação
traçando
ao sabor do momento
e da paixão
retas, curvas, círculos e linhas sinoidais
nos jardins da quarta dimensão.
Escandalizaram os ortodoxos das fórmulas euclidiana
e os exegetas do Universo Finito.
Romperam convenções newtonianas e pitagóricas.
E enfim resolveram se casar
constituir um lar,
mais que um lar,
um perpendicular.
Convidaram para padrinhos
o Poliedro e a Bissetriz.
E fizeram planos, equações e diagramas para o futuro
sonhando com uma felicidade
integral e diferencial.
E se casaram e tiveram uma secante e três cones
muito engraçadinhos.
E foram felizes
até aquele dia
em que tudo vira afinal
monotonia.
Foi então que surgiu
O Máximo Divisor Comum
freqüentador de círculos concêntricos,
viciosos.
Ofereceu-lhe, a ela,
uma grandeza absoluta
e reduziu-a a um denominador comum.
Ele, Quociente, percebeu
que com ela não formava mais um todo,
uma unidade.
Era o triângulo,
tanto chamado amoroso.
Desse problema ela era uma fração,
a mais ordinária.
Mas foi então que Einstein descobriu a Relatividade
e tudo que era espúrio passou a ser
moralidade
como aliás em qualquer
sociedade.


Texto extraído do livro "
Tempo e Contratempo", Edições O Cruzeiro - Rio de Janeiro, 1954, pág. sem número, publicado com o pseudônimo de Vão Gogo.

Tudo sobre Millôr Fernandes e sua obra em "Biografias".

Fonte: http://www.releituras.com/millor_poesia.asp

Poesias na Matemática

"Desenho"

Cecília Meireles
Traça a reta e a curva,

a quebrada e a sinuosa.

Tudo é preciso.

De tudo viverás.

Cuida com exatidão da perpendicular

e das paralelas perfeitas.

Com apurado rigor.

Sem esquadro, sem nível, sem fio de prumo

traçarás perspectivas, projetarás estruturas,

número, rítmo, distância, dimensão.

Tens os seus olhos, o teu pulso, a tua memória.

Construirás os labirintos impermanentes

que sucessivamente habitarás.

Todos os dias estarás refazendo o teu desenho.

Não te fatigues logo.

Tens trabalho para toda a vida.

E nem para o teu sepulcro terás a medida certa.

Somos sempre um pouco menos do que pensávamos.

Raramente um pouco mais.